terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Choramingo

Tudo sobreposto: é assim que parece ser. Vivendo aqui e ali, comendo isso e aquilo, falando tal língua e (tentando) uma outra. No mapa, só 31,4 km são os responsáveis pelos efeitos disso tudo. Não só isso.
Nos dedicados: nada. Na parede: nada. Nada de post-it por aí. Lá dentro, não me restam dúvidas, está tudo o que não se externa.

Mas por quê, meu deus, por quê não sai? Mas por quê, meu deus, tem que sair?


Não precisa, talvez. Ou não? Por quê?

Passa o dia e, não tem jeito, não está. A cabeça cheia de coisas não consegue articular um texto que tenha outro assunto senão esse, diferente da outra, cheia de coisas, que articula textos como nenhuma outra.



Enfim, talvez esse texto não dure aqui. Quem sabe.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Começou

Agora, finalmente, sento para escrever em uma cadeira que, pelo menos até o próximo aluguel, é minha.
As ruas são estranhas e, eu confesso, fazer comida às onze da noite não é o meu hobby preferido, muito menos lavar panela de pressão depois. Sou obrigada a confessar também que depois de amanhã faz duas semanas que eu me mudei, e que ainda não fiz feijão, o que é sintomático.

A fase não é das melhores: não ando me achando como queria. Mas a moradia é nova, e é minha, pelo menos até o próximo aluguel.

Venha logo.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Aqui

Engraçado. Custo a acreditar que não saio do lugar.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Voltou a vontade de voar

Voltou a vontade de voar. Livros, cartas, paçoca: tudo permanece na mochila que, sentada num cantinho, aguarda ansiosamente por uma saída, sorrateira ou não, permanente ou efêmera. O simples fato de sair com a própria mochila não muito pesada, sabendo da possibilidade de enchê-la, é reconfortante. Sair é importante.
Mas não é mais igual. O que é buscado lá fora é, sim, a razão de tudo. E o que é deixado lá dentro continua sendo razão, exagerada ou não, de algo realmente relevante. No fim, quem saiu mudou mudando tudo. Este, sim, já é objeto de vicissitude que veio e deixou voar.

sábado, 17 de outubro de 2009

Sobre o Amor e seu Trabalho Quase Silencioso

Pega feito bocejo. Inconsequente, incontrolável, inesperado, inexplicável, instintivo, instigado num lampejo. Despertado é pelo beijo daqueles que, sem tempo estipulado e percebido, passa e fica simultaneamente. Passa e fica, sempre assim. O mundo vê passar, o baile vê passar, mas, na verdade, o só sentido vê.
A marchinha breca, e o silêncio se faz silêncio por sentido nobre: no silêncio se escuta o que, no som, se silencia. A disritmia é ouvida em alto e bom som! Primeiro, no sem som; depois, em qualquer lugar, por mais barulhento que soe aos ouvidos. Diria, até, que o descompasso sai e se externa. Sem precisar do silêncio, grita, berra, vocifera, clama, e o barulho é que se cala.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Dá vontade de sair voando. Encher a mochila de livros, cartas e paçoca e, andando com os pés de lã, dar as quatro voltas necessárias na fechadura: duas pra sair e duas pra ficar fora.
Se ficasse na rua, talvez encontraria o que procurar, mas é bem provável que não. Tudo ficou pra trás com a saída sorrateira decidida por um surto. Surto abafado, em surdina! Mas e se se tornasse só um simples passeio? Com volta, nada contínuo? E se começasse, assim, efêmero e terminasse, assim, permanente?
O mais importante é notar que o que foi deixado lá dentro é a razão de tudo, e não o que foi buscado lá fora. Muito menos quem saiu. Este é só objeto de vicissitude que, se vier, vem pra deixar voar.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Ele junta, pelo menos

Por mais que seja novo, desconhecido não é. Ao chegar lá, vai se deparar com um dejá vù distorcido, cuja distorção, natural e gradativamente, vai desbotando. Se sentará, cruzando as perninhas cansadas. O vestidinho amarelo é por uma causa nobre: amarelo é cor bonita.
Prefere olhar o rejunte do piso ao céu estrelado. Só ela sabe o porquê. O rejunte é feio e não brinda quem o vê com um teto diferente todas as noites. Sinceramente? Nem ela sabe o porquê.
Depois de muito encarar, quer tocar pra sentir o rejunte feio. E os dedinhos chegam lá, sem qualquer obstáculo. Seus dedinhos não alcançariam o céu estrelado. Ela não quer mais saber o porquê.