Sempre me achei capaz de ser uma escritora. Acho linda aquela doação de alma pras personagens. Soa até nobre. Você pega uma parte sua, junta com outra parte que te pertence, embaralha com aquilo lá que você finge que é do outro e, no final, mistura com o que você acha que você é, foi, será ou deveria ser: eis sua personagem. Você pode até insistir que o produto final, de você, não tem nada. Mas não adianta.
Vai dizer que Franz Kafka não tinha nada de Gregor? Como não ver Gabriel Garcia Marquez zanzando pelas ruas de Macondo? Jostein Gaarder não vê em Sofia sua miniatura feminina? Será que Lispector frequentou uma cartomante ou comeu uma barata, feito Macabéa ou GH?! Machado era Bentinho, Brás Cubas, Rubião e Capitu.
Verei muitas Natálias andando por aí...